Um estudo sobre o perfil psicológico do clero católico nos
Estados Unidos, revela que os sacerdotes são mais “introvertidos”, menos
abertos à mudança e mais preocupados com as estruturas do que com o acolhimento
às pessoas, do que há 20 ou 30 anos. O estudo foi conduzido pelo inglês Leslie Francis,
um perito em psicologia religiosa, e publicado no último número da revista “Pastoral
Psychol”, sob o título: “Psychological Type Profile of Roman Catholic Priests: An
Empirical Enquiry in the United States”.
Os autores advertem que a amostra foi muito reduzida e o
estudo apura algumas tendências que precisam de ser aprofundadas. Em relação
aos dados recolhidos, o perfil psicológico dos padres norte-americanos revela que
são pessoas que preferem remeter-se aos templos e menos interessados em estar
na “vida pública e social”. Preocupam-se mais com a fidelidade à tradição do
que em a reajustar às circunstâncias “das novas gerações”. Parecem mover-se
mais pelo dever do que pelo amor. Demonstram menos flexibilidade que no passado.
Não pedem nem incentivam a participação dos leigos, que devem submeter-se às suas
orientações, metas e objetivos, de forma acrítica.
Não parece um retrato muito favorável dos presbíteros
norte-americanos. A não ser para aqueles que gostam de ver os sacerdotes confinados
às sacristias, completamente fora da vida pública e longe das questões das suas
terras, países e do mundo em geral. Ou para os que os querem reduzir a
“funcionários do sagrado”, meros administradores de sacramentos e cumpridores escrupulosos
das normas disciplinares da Igreja: “alfândegas da fé”, como lhes chamou o Papa
Francisco.
Por esta e outras expressões, bem como pelas suas atitudes,
já se percebeu que esse não é o perfil do clero que o Papa pretende. Já por
diversas vezes apelou para que se empenhassem em ir ao encontro das pessoas que
deambulam nas “periferias existenciais”. Pediu um maior investimento no
acolhimento e uma menor preocupação na aplicação da disciplina eclesiástica.
Ainda, recentemente, perante os bispos brasileiros, apelou à “criatividade do
amor”, que é muito mais profícua do que “a tenacidade, a fadiga, o trabalho, a
planificação, a organização”.
(Texto publicado no Correio da Manhã)
(Texto publicado no Correio da Manhã)
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