Após a vitória de Portugal
contra a Suécia, milhões de portugueses, brasileiros e fãs de Cristiano Ronaldo
em todo o mundo suspiraram de alívio. A seleção e o seu “comandante”
asseguraram a presença no Mundial do Brasil.
Ao longo do desafio
experimentaram-se as emoções mais díspares. A apreensão dos primeiros minutos e
a irritação com as oportunidades perdidas. O descanso com o primeiro golo e
depois o adormecimento. O susto com os dois tentos suecos, com o ressurgir dos
pensamentos mais derrotistas. Finalmente, o alívio e a certeza da passagem à
fase final do Mundial.
Nos minutos finais do jogo os
comentadores sublinhavam o contributo decisivo de Ronaldo, que carregou a
equipa às costas e a retirou do buraco em que se tinha metido. Todos os três
golos deixaram bem evidente a genialidade do avançado português. Aproveitou
três passes que o isolaram, cavalgou para a baliza e marcou.
No dia a seguir dificilmente
algum português não sabia que Portugal tinha carimbado o passaporte para o
Brasil. A esmagadora maioria sabia quem tinha marcado os três golos.
Provavelmente, poucos se lembravam de quem tinha feito os passes de morte para
o melhor jogador do mundo poder faturar. Não lhe retirando o valor, que é
indiscutível, também é de realçar o papel de Moutinho e Hugo Almeida que lhe
colocaram a bola em condições para ele poder brilhar.
Durante noventa minutos e
mais algumas horas, Portugal esqueceu a crise, o défice e a troika. Porém, logo
no dia seguinte, os que foram ressarcidos dos subsídios que não tinham recebido
viram evaporar-se-lhes a alegria, ao constatarem as migalhas que recebiam. Os
que não tinham emprego, nem isso receberam; provavelmente, continuam
desempregados e sem motivos para se alegrarem. Aos que passam mal por causa da
crise não foi a vitória de Portugal que lhes resolveu os problemas.
Todos aspiramos a um CR7 da
política. Que retire o país do buraco em que se meteu. Que saiba encontrar as
pessoas certas que lhe “passem” as estratégias adequadas para vencer a crise.
Que não desperdice as oportunidades. E que dê a volta ao futuro de Portugal.
Tal como a Igreja Católica parece já ter encontrado o seu para a liderar.
(Texto publicado no Correio da Manhã)
(Texto publicado no Correio da Manhã)
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