Sucedem-se os relatos de
pessoas surpreendidas por um telefonema do Papa. No último domingo, o Papa
Francisco telefonou a uma mulher argentina, vítima de violação, e à mãe de um
empresário italiano assassinado. Na quarta-feira anterior, tinha chamado um
jovem estudante de Pádua que lhe tinha enviado uma carta através de um cardeal.
Parece que é normal ele
ligar, diretamente, a jornalistas que conhece pessoalmente, ou a amigos quando
têm alguém doente ou fazem anos. Foi noticiada uma chamada a um sacerdote
argentino para felicitá-lo pelo seu aniversário, no início de Abril. Apenas
dois dias após a sua eleição, surpreendeu o porteiro da Cúria Geral dos
jesuítas, identificando-se como o Papa e pedindo para falar com o Superior
Geral. No dia da Missa Inaugural do seu Ministério, dia 19 de Março, telefonou
aos fiéis reunidos em Vigília de Oração, na Praça de Maio, em Buenos Aires, e a
Bento XVI, felicitando-o pelo seu onomástico, S. José.
Mesmo para tratar de assuntos
mais comezinhos, não pede a ninguém que o faça. Prefere fazê-lo ele mesmo. No
dia anterior à sua tomada de posse telefonou ao dono do quiosque em Buenos
Aires onde comprava os jornais, todos os dias, para cancelar a reserva. No
início de Abril, foi o seu sapateiro de há 40 anos que foi surpreendido por uma
chamada papal, para lhe encomendar sapatos.
Todos estes telefonemas
papais, como tantos outros gestos, revelam a humanidade que carateriza Jorge
Mario Bergoglio e que ele não perdeu ao assumir a responsabilidade de liderar a
Igreja Católica. Como não tinha perdido ao ocupar outros cargos relevantes na
sua estrutura. Por outro lado, traduzem, em atos concretos, a preocupação que
tem manifestado por palavras em quase todos os seus discursos para com as
“periferias geográficas e existenciais”.~
(Texto publicado no Correio da Manhã)