Há políticos que fazem questão em dizer que vêm da missa e outros que se vangloriam de não ir missa. A estes não é exigido que estejam em sintonia com o Evangelho ou com o que o Papa e os bispos pregam. Porém, surpreendentemente, estão por vezes mais alinhados com posições da Doutrina Social da Igreja do que os primeiros. É o caso do acolhimento aos imigrantes.
No Evangelho aparecem diversas passagens em que Jesus exalta e promove os estrangeiros. Jesus elogia a fé da cananeia a quem cura a filha (Mt. 15, 21-29) e do centurião romano a quem cura o escravo (Lc. 7, 1-10). Uma samaritana, que encontra junto ao poço de Jacó, converte-se em sua apóstola (Jo. 4, 31-33). Na parábola que foi lida na missa deste domingo em todo o mundo, é também um samaritano que se compadece e presta assistência a um judeu assaltado e abandonado quase sem vida. Um sacerdote e um levita veem o seu estado de necessidade, mas ignoram-no (Lc. 10, 25-37).
Comentando essa parábola, Leão XIV denunciou que, por vezes, “consideramos nosso próximo somente quem está no nosso círculo, quem pensa como nós, quem tem a mesma nacionalidade ou religião. Porém, Jesus inverte a perspetiva, apresentando-nos um samaritano, um estrangeiro e herege, que se torna próximo daquele homem ferido. E pede-nos que façamos o mesmo”.
Em sintonia com o Papa, D. José Ornelas, bispo de Leiria–Fátima, defendeu que, num contexto “de discernimento e de legislação sobre os imigrantes”, a prioridade deve estar “no bem acolher”. E apelou a que não se caia “na ratoeira dos medos instrumentalizados, nem dos preconceitos manipulados, das evidências negadas”.
Tendo em conta o Evangelho e a doutrina social que dele decorre, o cristão não pode embarcar em discursos levianos que imputam ao estrageiro os problemas da nação e pretendem dificultar o seu acolhimento.
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