O pe. Ian Vane, pároco da comunidade católica de Dorking, na Inglaterra, informou os seus fiéis no domingo passado que, caso o católico Chris Coghlan, deputado do Partido Liberal Democrata, se apresentasse à comunhão, esta lhe seria negada. Isto por ter votado a favor de um projeto de lei que aprovou a eutanásia, no passado dia 20, o que vai contra a doutrina da Igreja.
Foi esta lógica que, no passado, levou à excomunhão daqueles que defenderam teses que então não se coadunavam com o que a Igreja postulava. Alguns acabaram mesmo na fogueira da Inquisição. Foi o caso dos que diziam que a terra girava à volta do sol ou os que achavam inaceitável a escravatura ou o racismo, quando a tal doutrina ensinava o contrário.
Aqueles que acham que a comunhão deve ser negada aos que aceitam o aborto ou a eutanásia, por a Igreja condenar tais práticas, têm a mesma postura em relação aos que são a favor da pena de morte ou da prisão perpétua? Ou aos que aprovam leis discriminatórias, xenófobas ou racistas? Ou ainda àqueles que exploram os seus trabalhadores e não cuidam do ambiente, tudo subalternizando ao lucro? É que também essas são atitudes que vão contra a doutrina da Igreja.
O que faria Jesus? Negaria a comunhão a quem não estivesse em condições de a receber?
Parece que não, pois na “primeira missa” não negou a comunhão a Judas, apesar de saber que ele já o tinha traído. Não excluiu Pedro da refeição que tomou com os apóstolos após a Ressurreição, apesar de ele o ter negado. Só depois de o ter alimentado é que lhe perguntou por três vezes se o amava (Cf. Jo. 21, 15-18).
Tinha razão o Papa Francisco ao escrever que a “Eucaristia, embora constitua a plenitude da vida sacramental, não é um prémio para os perfeitos, mas um remédio generoso e um alimento para os fracos” (Evangelii Gaudium, 47).
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