O Natal será vivido na Síria num ambiente de “feliz esperança” – é este o sentimento que habita a irmã Houda Fadoul. Natural de Damasco, integra uma comunidade de homens e de mulheres que vivem no mosteiro de Deir Mar Musa, na Síria. Expressou o seu estado de espírito numa entrevista ao jornal digital 7 Margens na qual repetiu diversas vezes a palavra “esperança”.
Não é de estranhar que seja esta a palavra mais proferida por ela, uma vez que pertence à comunidade monástica fundada pelo padre jesuíta italiano Paolo Dall’Oglio, sequestrado há 11 anos e de quem não se sabe o paradeiro. Apesar de ter passado tanto tempo, os monges não perdem a esperança de recuperar o seu fundador com vida, ele que sonhou para aquela comunidade a missão de ser um “farol de esperança numa terra de conflito”.
A irmã Houda Fadoul foi escolhida, “com grande surpresa sua”, para representar as Igrejas Orientais e do Médio Oriente na última sessão do Sínodo que decorreu em Outubro em Roma. Provavelmente foi pela “sua paixão pelo diálogo inter-religioso, particularmente entre cristãos e muçulmanos”.
Questionada sobre se as resistências à dinâmica sinodal por parte da hierarquia seriam motivadas pelo receio de as mulheres assumirem maiores responsabilidades na Igreja, a sua resposta foi surpreendente: “Penso que esse problema não se coloca na Síria”, respondeu Houda Fadoul, uma vez que “as mulheres na Síria têm os mesmos direitos que os homens”. Deu o seu exemplo pessoal, ela que foi superiora de uma comunidade mista durante dez anos.
É extraordinário como uma questão tão fraturante em tantas latitudes – a paridade entre homens e mulheres – é vivida com serenidade num mosteiro no meio do deserto da Síria. É bem verdade que a Igreja tem dentro de si a resposta para muitas das suas questões mais intrincadas...
Um Natal Feliz!
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