quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Mulheres a gerir os bens das dioceses

Carla Bretão, recém-nomeada ecónoma da Diocese de Angra.
Foto retirada daqui
D. Armando Domingues, bispo de Angra, nomeou a economista Carla Bretão ecónoma da diocese. É a primeira vez que uma mulher assume a responsabilidade de gerir os bens dessa diocese insular. Habitualmente este cargo é confiado a um padre, como acontece em 12 das vinte dioceses portuguesas. Nas restantes oito, quatro escolheram diáconos permanentes e leigos as outras quatro. A diocese de Angra, depois da Guarda, é a segunda no país a nomear para ecónoma uma mulher.

Carla Bretão conhece bem a situação financeira da diocese porque foi, nos últimos anos, a ecónoma-adjunta do cónego António Henrique Pereira, a quem sucede no cargo. A sua escolha tem em conta o trabalho até agora desempenhado e a convicção da diocese de que “leigos competentes nesta área poderem contribuir com o seu desempenho para o funcionamento da diocese”.

O Código de Direito Canónico, a lei fundamental da Igreja, para o desempenho da função de ecónomo, não exige que este seja um padre, mas sim que “seja verdadeiramente perito em assuntos económicos” (Can. 494 §1). Hoje gerir os bens da Igreja não é algo que possa ser feito com amadorismo, exigem-se boas competências técnicas. Sobretudo quando aqueles que contribuem para a sustentabilidade económica das dioceses são cada vez menos... É necessário, pois, encontrar novas fontes de financiamento e de rentabilização do património que se possui.

Hoje é mais fácil encontrar essas competências entre os diáconos permanentes, ou os leigos, do que entre os padres de uma diocese. Não é de estranhar, por isso, que se acentue a tendência que se tem verificado recentemente de serem eles, e sobretudo elas, a assumirem as rédeas da administração dos bens diocesanos. A verdade é que estão mais bem preparados do que o clero para superar a fragilidade económica que se verifica em algumas das dioceses.

quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Igreja viva, jovem, alegre, solidária

O Papa Francisco está nos antípodas da Europa, tanto geográfica como eclesialmente. Saiu do Vaticano a 2 de setembro em direção à Indonésia, passará pela Papua-Nova Guiné e por Timor-Leste. Termina a visita em Singapura, de onde regressará no próximo dia 13. Será a sua viagem mais longa, por dois continentes: a Ásia e a Oceânia.


As comunidades que o Papa vai visitar contrastam fortemente, em muitos aspetos, com a realidade eclesiástica europeia e ocidental. Uns dias antes da partida de Francisco foi divulgado um breve documentário sobre religiosas que desenvolvem a sua atividade na parte indonésia da ilha do Bornéu: são uma comunidade de Irmãs da Caridade de Santa Joana Antida, muitas oriundas do grupo étnico Dayak, que habita na floresta tropical daquela parte da ilha.


O documentário foi editado por Marianna Beltrami (inglesa) e Sebastiano Rossitto (italiano) a que deram o título “As Irmãs Dayak”. Acompanharam as religiosas nas suas atividades quotidianas e constataram no documentário que “as irmãs não são só guardiãs da fé, mas também protetoras incansáveis da cultura indígena e da floresta”.


Os jovens documentaristas mergulharam na floresta tropical e revelam, em apenas 24 minutos, uma Igreja viva, jovem, alegre e solidária. O documentário permite aceder a um mundo “onde tudo permanece autêntico e onde a presença da Igreja apenas enriquece um tecido social já caracterizado por um forte sentido comunitário, sem impor outros modos de ser, mas entrelaçando-se com harmonia e paz entre si e com a Criação”, segundo o sítio Vatican News.


Esta viagem do Papa ao outro lado do mundo contribuirá para demonstrar que o catolicismo se pode desenvolver e que rejuvenesce noutras paragens. Este contraste com um catolicismo que envelhece e definha no Ocidente pode, e deve, ser muito inspirador.


(Texto publicado no Jornal de Notícias de 04/09/2024)