quarta-feira, 3 de julho de 2024

Os nados mortos das unidades pastorais

O Pe. Tiago Freitas propõe um Colégio de Paróquias
Foto retirada daqui
O fim-de-semana foi de festa em três dioceses. Foi ordenado um padre em Évora, no sábado, e, no domingo, um em Setúbal e outro na Guarda. Serão seguramente poucos, dadas as necessidades de clero nestas dioceses.

“De facto, temos menos sacerdotes, mas passámos a ter o serviço pastoral dos Diáconos Permanentes. Temos menos sacerdotes e, por isso, precisamos de valorizar, cada vez mais, os diferentes ministérios e serviços laicais nas nossas comunidades”, reconheceu D. Manuel Felício, bispo da Guarda, numa mensagem sobre a última ordenação na diocese. É pena que os leigos só sejam valorizados devido à falta de clero. Como defendeu o Concílio Vaticano II, os leigos devem ter “funções próprias e indispensáveis à ação da Igreja” (Apostolicam actuositatem, nº1).

Para o bispo da Guarda a falta de padres “obriga a fazer funcionar mais e melhor as unidades pastorais”. Estas são um conjunto de paróquias, próximas e homogéneas, que organizam as suas atividades em conjunto. Mas isto, que é uma das últimas modas pastorais em Portugal, está longe de ter provado a sua eficácia e virtualidade.

O Pe. Tiago Freitas, da arquidiocese de Braga, estudou as paróquias e os contributos que os leigos são chamados a dar à pastoral do futuro. Na sua tese de doutoramento em Teologia Pastoral, defendida em Roma em 2017, critica as unidades pastorais por, na sua génese, estar a falta de clero e não a valorização dos membros das comunidades.

Constata-se, assim, em muitas dioceses portuguesas, que as unidades pastorais são um belo ideal, mas, não havendo a devida formação de base do clero e dos leigos para trabalharem em conjunto, nunca passarão disso. Quando são meros aglomerados de paróquias, com falta de clero e sem leigos empenhados, as unidades pastorais não passam de nados mortos. Ou seja: oportunidades perdidas.

Sem comentários:

Enviar um comentário