A desagregação europeia. Foto retirada daqui |
O projeto europeu está em risco com o crescimento dos nacionalismos, da xenofobia e do racismo. O continente onde se consolidou a tolerância, muito devido à sua matriz cristã, é fustigado hoje pelos ventos da desconfiança e da desunião. O Velho Continente, que curou as feridas das duas guerras mundiais através da cooperação e entreajuda das nações, corre agora o risco de ser dilacerado pela ameaça da guerra às suas portas, vendo erguer-se de novo muros que tinha conseguido derrubar.
Apesar de há dias se terem celebrado os 80 anos do desembarque na Normandia – e de ainda estarem vivos alguns dos participantes – a Europa está a esquecer o caminho que percorreu para promover a paz no seu interior. Está a esquecer as razões fundas que motivaram a criação da Comunidade Económica Europeia, que depois evoluiu para a União Europeia, e os seus princípios basilares.
Foi neste contexto que os europeus foram chamados a votar e a escolher o novo Parlamento Europeu. Aqueles que mais cresceram são os promotores de nacionalismos, os quais, se não forem atalhados, levarão à desagregação de uma construção recente que, como todos os edifícios democráticos, produz resultados poderosos de liberdade e de desenvolvimento, mas é, ao mesmo tempo, delicada e frágil. Os eleitores, desiludidos com os partidos tradicionais cujo reformismo incremental não passa nas redes sociais, estão a deixar-se embalar pelos populistas xenófobos.
É neste contexto que a Igreja é chamada a dar o seu contributo para salvar o projeto europeu, atualizando e repropondo a mensagem evangélica: nela é bem clara a preferência de Deus pelo mais pobre, pelo marginalizado, pelo migrante à deriva, entre outros. Pelos “descartados da sociedade”, como diz o Papa Francisco. A palavra de Cristo é o melhor antídoto para radicais totalitários.
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