Pela primeira vez o Papa Francisco escreveu as meditações da Via-Sacra, que se reza habitualmente na Sexta-feira Santa no Coliseu de Roma. Foi também a primeira vez que o Papa não esteve presente, nestes 11 anos de Pontificado, por motivos de saúde.
Não foram estas, contudo, as únicas originalidades deste tradicional exercício da piedade católica. Na Via-Sacra acompanham-se os passos de Jesus desde a condenação perante Pôncio Pilatos até à sua sepultura, em 14 Estações ou Passos, que se foram fixando ao longo dos séculos.
Francisco seguiu esse elenco tradicional, embora introduzindo pequenas nuances, tanto na designação como nas ocorrências que são propostos à meditação dos fiéis. No texto do Papa há um pormenor surpreendente que poderá ter passado despercebido a muitos dos que assistiram à Via-Sacra na sexta-feira, quer presencialmente, quer através dos meios de comunicação social.
A propósito do quadro de Verónica, a mulher que limpa o rosto ensanguentado de Jesus, o Papa sublinhou o contraste entre uma mulher que age e a multidão que insulta Jesus. “O mesmo acontece hoje, Senhor, e nem sequer é preciso um cortejo macabro: basta um teclado para insultar e publicar sentenças”, escreve o Papa.
Infelizmente, são demasiados os exemplos de católicos que insultam outros católicos na Internet só porque têm opiniões e posições diferentes das suas. São muitos os que não compreendem que, como tem ensinado o Papa Francisco, a Igreja não é uma “unidade monolítica” mas antes um “maravilhoso poliedro”.
Mudam-se os tempos, mudam-se os contextos – mas permanecem os mesmos comportamentos desumanos e execráveis. Até muitos dos que se emocionam ao rezar a Via-Sacra, e se escandalizam com os insultos da multidão a Jesus, não se apercebem que adotam eles próprios comportamentos similares nas redes sociais.
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