A democracia e a liberdade são como a saúde, só se valorizam quando se perdem. Cerca de cem anos após a instauração das ditaduras na Europa, voltam a ouvirem-se vozes a contestar os sistemas democráticos e a crescerem os adeptos de sistemas autocráticos, alimentados pelas notícias falsas e os populismos.
É certo que, como há cem anos, essas correntes alimentam-se de líderes políticos que comunicam mal as suas tentativas de resolver os problemas das populações. Que não parecem entregar-se à causa pública com dedicação e altruísmo. Que são acusados de defender interesses próprios ou do partido em vez do bem comum.
Então as populações deixam-se seduzir pelo canto das sereias que lhes dizem o que querem ouvir. O Papa Francisco tem denunciado essas “sereias do populismo” e apelado a que surjam políticos com mais sensibilidade para desenvolverem políticas que as pessoas sintam como melhores.
“Para se tornar possível o desenvolvimento duma comunidade mundial capaz de realizar a fraternidade a partir de povos e nações que vivam a amizade social, é necessária a política melhor, a política colocada ao serviço do verdadeiro bem comum”, escreve o Papa da sua última encíclica “Fratelli tutti”.
Os líderes populares, para o Papa, são aqueles que guiam o povo num “projeto duradouro de transformação e crescimento” da sociedade no seu todo. Degenera em populismo quando instrumentalizam o povo em função dos interesses próprios.
Em relação às propostas políticas que semeiam “o ódio e o medo” o Papa diz que “é necessário estar alerta, reagir a tempo e corrigir imediatamente o rumo”. Compreende-se porque é que os populistas, que cavalgam o medo e o ódio nas suas propostas eleitorais, não gostam do Papa. Neste ano, com tantas eleições em Portugal, não nos deixemos encantar pelas “sereias do populismo”.
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