sexta-feira, 1 de abril de 2016

Dia de enganos

Ícone da Misericórdia, Taizé
Foto retirada daqui
Há equívocos que não surgiram neste dia primeiro de Abril – e que subsistem a ele. Um desses enganos é o das instituições que mantêm o nome muito tempo depois de terem perdido a filiação à instituição que lhes deu origem. E afetam o bom nome dos que permanecem na organização que as gerou.

Há dias, Henrique Manuel Pereira escrevia no Facebook: “Rasgou-se uma almofada e o vendaval dos meios de difusão coletiva espalhou as penas! Quem poderá agora dizer que o dito nada tem a ver com a Casa do Gaiato/Obra da Rua, nem com nenhum dos seus padres? A Casa do Gaiato em apreço é a de Santo Antão do Tojal (Loures). E será bom saber-se que, desde 2006, é propriedade do Patriarcado de Lisboa. Irra, pobres Padres da Rua!”

Acontece algo semelhante com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que desde 2 de Dezembro de 1851 (há 165 anos) é administrada pelo Estado. Apesar disso, muitas pessoas pensem que continua vinculada à Igreja. No entanto, o seu provedor é nomeado pelo Governo, enquanto nas outras misericórdias este é eleito pelos irmãos da respetiva Santa Casa e homologado pelo bispo diocesano.

Nestas misericórdias o equívoco poderá ser outro. Não se devem comportar como meras Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS): têm de ter o mesmo rigor e profissionalismo das outras, claro!, mas têm também de estar imbuídas do verdadeiro espírito cristão. Ou seja, ver nos mais pobres, e nos que precisam de assistência, o próprio Cristo. “Tive fome e deste-me de comer… Estive doente ou na prisão e foste-me visitar…” (Cf. Mt. 25). Devem também as verdadeiras santas casas e outras IPSS’s católicas promover a formação espiritual e humana dos utentes e colaboradores, sem fazer aceção de pessoas. E, aos crentes, devem ajudar a desenvolver a sua convicção cristã.

Só corrigindo estes enganos deixaremos de viver num contínuo dia 1 de Abril em matéria social e institucional.

(Texto publicado no Correio da Manhã de 01/04/2016)

1 comentário:

  1. Não podemos concentrar-nos só nestes temas....mas como disse o papa Francisco “Temos de encontrar um novo equilíbrio, se não o edifício moral da Igreja pode cair como um palácio de cartas”... e outros acrescento...
    ... há muitos tradicionalistas, ainda não evoluíram como o mundo evoluiu; a oratória disciplinar e estática, já era...

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