Foto retirada daqui |
O Papa Francisco e
o Patriarca Cirilo, da Igreja Ortodoxa Russa, encontraram-se hoje em Havana, Cuba.
Nos anos 60, esta ilha foi o palco da tensão mais grave entre as duas
superpotências de então – os Estados Unidos e a União Soviética – colocando o
mundo à beira da guerra nuclear. Na altura João XXIII contribuiu para que
prevalecesse a paz. E, há pouco tempo, o Papa Francisco conseguiu que Cuba e os
EUA reatassem relações diplomáticas suspensas há mais de cinquenta anos.
Hoje Cuba pode
tornar-se no símbolo da reconciliação entre a Igreja Ortodoxa e a Igreja
Católica. Em 1054, deu-se a primeira grande cisão na Igreja, que ainda não foi
remediada. Nessa data o Papa e o Patriarca de Constantinopla excomungaram-se
mutuamente. Também por razões teológicas, mas, sobretudo, por causa da questão
do reconhecimento da autoridade do sucessor de Pedro sobre toda a Igreja. Desde
então a Igreja Ortodoxa organiza-se em torno de diversos Patriarcas, sendo o da
Igreja Russa o que reúne o maior número de fiéis, cerca de 135 milhões.
Na sequência do
Concílio Vaticano II a Igreja Católica abriu-se ao ecumenismo, isto é, ao
diálogo com os cristãos de outras confissões cristãs. Estes, de hereges, passaram
a ser irmãos que a história separou. Em 1965 o Papa Paulo VI e o Patriarca de
Constantinopla encontraram-se e levantaram as excomunhões do passado. Desde
então tem-se intensificado o diálogo entre o Papa e os diversos Patriarcas
Ortodoxos. O único que nunca tinha entrado nesta dinâmica era o Patriarca
Russo. Inicia-se, portanto, uma nova fase nas relações entre o catolicismo e a
ortodoxia.
Tudo isto só é possível graças ao esforço de abertura dos últimos papas. Sem renunciarem ao essencial do primado petrino, tentam complementar o seu exercício com a escuta dos irmãos no episcopado – o carácter sinodal, “de caminhar juntos”, da Igreja – de que Francisco tanto tem falado e pedido.
Tudo isto só é possível graças ao esforço de abertura dos últimos papas. Sem renunciarem ao essencial do primado petrino, tentam complementar o seu exercício com a escuta dos irmãos no episcopado – o carácter sinodal, “de caminhar juntos”, da Igreja – de que Francisco tanto tem falado e pedido.
(Texto publicado no Correio da Manhã de 12/02/2016)
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