segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

O Papa, Cuba e os EUA

Foto retirada daqui
Os presidentes de Cuba e dos Estados Unidos da América (EUA) anunciaram quarta-feira, numa declaração proferida à mesma hora, que iriam retomar as relações diplomáticas, suspensas há mais de cinquenta anos.

Ambos os presidentes sublinharam o papel da diplomacia vaticana para conseguir aquela que foi definida por Barack Obama como “a mais significativa das mudanças na política dos EUA em relação a Cuba, nos últimos 50 anos”. O presidente cubano, Raul Castro, agradeceu explicitamente “o apoio do Vaticano e do Papa Francisco por ter contribuído para melhorar as relações entre Cuba e os Estados Unidos”.

“No decorrer dos últimos meses – revela um comunicado da Secretaria de Estado do Vaticano – o Santo Padre Francisco escreveu ao Presidente da República de Cuba, Raúl Castro, e ao Presidente dos Estados Unidos, Barack H. Obama, convidando-os a resolver questões humanitárias de interesse comum, entre as quais a situação de alguns detidos, com o objetivo de iniciar uma nova fase nas relações entre as duas partes”.

Graças à intervenção do Papa foi libertado Alan Gross, detido em Cuba, e três espiões cubanos, presos nos Estados Unidos. Foram gestos que facilitaram a aproximação entre os dois regimes políticos.

O anúncio da melhoria do relacionamento entre Cuba e os EUA foi tornado público precisamente no dia em que o Papa completou 78 anos de idade. Provavelmente, esta foi a melhor prenda de aniversário que o Papa Francisco terá recebido. No comunicado da Secretaria de Estado é expressa a sua profunda alegria “pela histórica decisão dos Governos dos Estados Unidos e de Cuba de restabelecer relações diplomáticas, com o fim de superar, no interesse dos respetivos cidadãos, as dificuldades que marcaram sua história recente”.

A Santa Sé disponibiliza-se para continuar a “assegurar o seu apoio às iniciativas que as duas Nações tomarão para incrementar as relações bilaterais e favorecer o bem-estar dos respetivos cidadãos”, refere o comunicado.

Quando no mundo se volta a matar e a fazer a guerra em nome de uma distorcida conceção da religião, é de enaltecer o contributo de um líder religioso para promover a reconciliação entre dois povos desavindos há mais de meio século.

(Texto publicado no Correio da Manhã de 19/12/2014)

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