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“Deus ainda tem
futuro?” é o título de um livro recentemente publicado que reúne os contributos
de diversos especialistas que participaram na edição do ano passado dos
colóquios “Igreja em diálogo”, onde foi refletida a questão da existência de
Deus.
Esta semana um
programa de televisão retomou a questão num debate em que participaram crentes
e não crentes. A maior virtude deste tipo de iniciativas é confirmar a única
certeza que se pode ter acerca de Deus: tanto a sua existência como a sua negação
não se podem provar racionalmente.
Tanto crentes como
não crentes, se forem intelectualmente honestos, sabem que a via científica –
ou o método experimental, se quiserem – é inútil para essa questão. Ambos
experimentam as mesmas dúvidas acerca do divino. Em todo o ateu habita um
crente, que por vezes leva a melhor e então acontece a conversão; e todo o
crente é assaltado por dúvidas que o podem levar ao abandono da fé.
Tanto uns como
outros, porém, acreditam em muitas outras coisas que não podem comprovar
cientificamente, como são muitas das realidades intrinsecamente humanas. Uns e
outros não conseguem dar uma definição racional do amor, mas porventura não
duvidam que são amados. Fundam essas certezas em tantos gestos e palavras que
confirmam a sua crença no amor, mas continuam a não ter a certeza absoluta da
sua fé.
Para nós cristãos
a definição mais completa da divindade está expressa nas palavras de S. João:
“Deus é amor” (1 Jo. 4, 8). Uma definição que brota da experiência de amar e
ser amado. A beleza do cristianismo é a de um Deus que dá o primeiro passo ao
encontro da humanidade, sem esperar nada em troca, respeitando até a sua
descrença.
Ninguém tem a
certeza absoluta da sua existência, mas os cristãos leem a história do mundo e
a sua história pessoal à procura desses sinais da presença de Deus ou da sua
ausência. Descobrem que o podem fazer presente pelos seus gestos de gratuidade,
ainda que os que não creem os reduzam a mera filantropia.
Não sabem se Deus tem futuro. Mas acreditam num futuro melhor quando tem Deus como horizonte. Deus que os desafia a empenharem-se na transformação e na humanização de um presente em ordem a um melhor futuro. Assim encontram razões para acreditar e dão testemunho da sua fé.
Não sabem se Deus tem futuro. Mas acreditam num futuro melhor quando tem Deus como horizonte. Deus que os desafia a empenharem-se na transformação e na humanização de um presente em ordem a um melhor futuro. Assim encontram razões para acreditar e dão testemunho da sua fé.
(Texto publicado no Correio da Manhã de 12/12/2014)
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