Lombardi e Spadaro, os jesuítas que controlarão a comunicação do Papa Foto retirada daqui |
Também a estratégia da comunicação tem vindo a mudar com
o Papa Francisco e está para sofrer uma profunda reestruturação.
Antes, toda a comunicação do Papa era acompanhada de
perto pela Secretaria de Estado – uma espécie de Ministério dos Negócios
Estrangeiros – que geria a sua agenda e procurava controlar tudo o que ele
dizia. O Papa Francisco passou a ter duas agendas. De manhã segue a que a
Secretaria de Estado continua a determinar e, à tarde, recebe em Santa Marta as
pessoas que entende, por vezes fora do controlo dos diplomatas do Vaticano.
Com Bento XVI o Pe. Lombardi, porta-voz da Santa Sé, coordenava
as suas declarações com a Secretaria de Estado. O Papa Francisco confirmou
nessas funções o mesmo sacerdote, mas passou a combinar tudo diretamente com
ele. Não é de estranhar que assim seja, uma vez que ambos são jesuítas e já se
conheciam bem antes de o cardeal Bergoglio assumir a cadeira de Pedro.
Entretanto, na sequência do estudo elaborado pela consultora McKinsey para a
reforma da Cúria, o Papa vai encarregar o Pe. Lombardi de coordenar todos os
órgãos de comunicação do Vaticano. António Spadaro, um outro padre jesuíta, a
quem deu a primeira entrevista, vai substitui-lo como porta-voz e diretor da
Sala de Imprensa.
Toda a política comunicativa da Santa Sé passa, assim, a
ser controlada por dois jesuítas, uma opção que não é consensual no interior da
Cúria e que tem sido muito criticada, segundo o diário italiano “Il Fatto
Quotidiano”, sobretudo por aqueles que antes a controlavam.
(Texto publicado no Correio da Manhã de 09/05/2014)
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