Papa Francisco na varanda de S. Pedro após
a eleição
Foto: REUTERS/Osservatore Romano tirada
de Euronews
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Há um ano achava-se que a “lua-de-mel” do Papa não
duraria tanto tempo. Mas doze meses após o início do seu ministério como Bispo
de Roma, continua em alta a sua popularidade mediática.
Em Junho de 2012 a Santa Sé escolheu Greg Burke, um
jornalista norte-americano que era correspondente da televisão “Fox News”, para
assessorar a Secretaria de Estado do Vaticano na área da comunicação social. Tendo
iniciado essa função com Bento XVI, continua a desempenhá-la com o atual Papa.
Contudo, não será só ao seu trabalho que se deve o sucesso mediático do Papa
Francisco: o próprio Burke reconheceu numa entrevista ao jornal italiano
“Corriere della Sera” que ele é “politicamente incorreto”, mas tem revelado uma
grande capacidade para comunicar as suas ideias aos fiéis. E ironiza: “As
imagens do Papa deviam ter um aviso como os maços de cigarros – 'Perigo! Este
homem pode mudar a sua vida'”.
São inúmeros os testemunhos em todo o mundo de pessoas
que se deixaram contagiar, ao longo deste ano, pelo já denominado “efeito
Francisco” – e voltaram à Igreja e à prática religiosa.
Ao fim de um ano “a dita lua-de-mel com as pessoas
continua, sinal de que não era uma simpatia efémera” gerada pelo novo Papa e
pelos seus gestos surpreendentes, escreveu Andrea Riccardi, um estudioso da História
da Igreja Moderna e Contemporânea, num texto de opinião na revista italiana “Famiglia
Cristiana”. No entanto “verificam-se resistências nos episcopados e no clero”
ao discurso e gestos do Papa Francisco, adverte no mesmo texto. E numa
entrevista ao “Vatican Insider” esclareceu que essas resistências provêm,
sobretudo, daqueles setores que “não suportam uma menor insistência da pregação
papal nos temas éticos”. E provêm também dos que têm responsabilidades no
governo da Igreja, que se sentem postos em causa pela maneira como Jorge
Bergoglio tem exercido o seu ministério. São aqueles a quem as pessoas
questionam: “Porque não faz como o Papa?”
Ao longo destes doze meses, quem de nós, a quem foi
confiada uma missão na vida da Igreja, não se questionou sobre os seus procedimentos,
hábitos e rotinas, ao constatar o que o Papa diz e faz? Só se não prestámos a
devida atenção às suas atitudes e palavras...
(Texto publicado no Correio da Manhã de 21/03/2014)
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