Na sua primeira entrevista, Leão XIV falou sobre o futuro da Igreja e o papel que o Papa é chamado a desempenhar. As reações que suscitou foram muito díspares. Entre os imobilistas, que Francisco classificou como "retrocedistas", tanto se aplaudiu a entrevista do Papa como esta foi acolhida com apreensão. Seguindo a categorização bergogliana, os "avançadistas" tiveram as mesmas reações porque leram as palavras de Leão no sentido contrário.
Os primeiros alegraram-se por acharem que Leão XIV colocou um travão às reformas introduzidas por Francisco, suscitando preocupação entre os segundos. Com aqueles que interpretaram que o Papa não fecha a porta, por exemplo, à ordenação de mulheres ou à reforma da Cúria iniciada por Francisco, aconteceu o inverso.
Na verdade, a entrevista revelou preocupações e orientações específicas do atual Papa, ao mesmo tempo que escondeu outras. Clarifica que o preocupa a polarização, tanto no Mundo como na Igreja. Escolhe como desígnio a unidade da Igreja e a criação de pontes entre os polos opostos. Se for bem-sucedido, honrará o título de Sumo Pontífice, que significa o supremo fazedor de pontes.
Com essa preocupação como pano de fundo, Leão XIV deixa a porta entreaberta, tanto para avançar como para recuar em relação às questões mais complexas que terá de afrontar. É este posicionamento que deixa intranquilos uns e outros, porque não se percebe para que lado é que o Papa irá pender.
O Papa, contudo, abre uma grande porta de saída, que é a sinodalidade: recorre a ela para responder, nomeadamente, à questão da dignificação do papel da mulher na Igreja. Se, de facto, Leão XIV implementar a sinodalidade como pretendia Francisco, então nada haverá a recear: tudo se realizará conjugando diversidade com comunhão, decisão com participação e congregar com evangelizar.
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