Assume-se que os jovens são muito dependentes dos telemóveis e da conexão às redes sociais, mas não se lhes oferecem oportunidades para que se desconectem e possam viver outras experiências.
No contexto do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), surgiu a ideia de promover um fim de semana de desintoxicação digital, com o objetivo de os alunos se desligarem das redes e se conectarem mais consigo próprios, fazendo uma experiência de interiorização. Demos-lhe o nome “Offline Weekend”.
Apesar de ser uma atividade promovida pela capelania do IPB, de que sou capelão, o desafio que me coloquei foi o de desenhar um fim de semana, para 15 estudantes. Aberto à participação de quem tivesse, ou não, qualquer filiação religiosa.
Não esperava uma elevada adesão, mas fui surpreendido com a inscrição de 58 estudantes. Foram selecionados 15 das seis escolas do IPB.
No passado fim de semana, acompanhei-os nesta atividade. Ia preparado para não levarem a sério os tempos de interiorização e que experimentassem alguma dificuldade em libertarem-se do telemóvel. No final, uma das participantes deixou este testemunho: “Posso afirmar que não senti necessidade de usar o telemóvel. Foi até mais fácil do que eu achei que seria”.
Vários expressaram que esta experiência os transformou e que gostariam de a repetir. “Carrego comigo a sensação de serenidade e um desejo ainda maior de cuidar de mim mesma”, concluía outra estudante. Um deles está mesmo convencido que saiu de lá “uma melhor pessoa”.
É louvável que a Igreja se esforce em estar presente nas redes sociais para dialogar com os jovens. Contudo deve, também, continuar a propor atividades que os ajudem a saborear as virtualidades de esporadicamente se desconectarem, para acederem a outras vivências. Como se viu, estas podem ser gratificantes e ajudá-los a viver melhor.