quarta-feira, 13 de março de 2024

O populismo aí está com os seus pecados


Os bispos europeus estão a acordar para os perigos dos populismos da extrema-direita, ainda que estes por vezes se apresentem como paladinos de lutas como a proteção da vida ou a defesa da cultura e fé cristã.

Em 2019, a Conferência Episcopal Alemã (CEA) denunciou o “vírus do populismo” e a ameaça que ele representava. “Rejeitamos firmemente qualquer tentativa de instrumentalizar o cristianismo para fins populistas. Estamos convencidos de que a nossa fé e a nossa tradição católica, como Igreja universal, contrastam com as características peculiares do populismo. Pensemos, por exemplo, na igualdade absoluta de todos os seres humanos como criaturas de Deus”.

No ano passado o presidente da CEA, D. Georg Bätzing, numa entrevista ao jornal alemão “Bild”, afirmou que “a Igreja deve distanciar-se de todas as posições desumanas e antidemocráticas”.

D. Mariano Crociata, presidente da Comissão dos Episcopados Católicos da União Europeia (COMECE), expressava em dezembro numa entrevista à agência católica ACI a preocupação dos bispos europeus com certas dinâmicas culturais europeias, como o crescimento dos populismos. “Trata-se de fenómenos que sinalizam uma debilidade e que tornam as estruturas e a vida das democracias cada vez mais frágeis”.

Pensava-se que Portugal era imune ao populismo. Mas ele aí está, propondo falsas respostas simplistas para problemas complexos. A promover visões redutoras da sociedade, a preto e branco, colocando uns, os bons, contra os outros, os maus.

Apesar do populismo português ser atípico – pois promete dar tudo a todos para se implantar... – os cidadãos devem estar atentos às suas contradições e incoerências. Os bispos portugueses deverão estar particularmente vigilantes a toda a instrumentalização da fé – e deverão denunciar as incongruências com os valores cristãos.

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