Homilia do Papa Francico no santuário de N. Sra. da Caridade Foto retirada daqui |
A visita do Papa a um país permite dar a conhecer a forma como nele se vive, celebra e mantém a fé, por vezes em contextos bem adversos à prática religiosa. Este é o caso de Cuba. Na última missa presidida pelo Papa Francisco no santuário de Nossa Senhora da Caridade, em Cobre, perto de Santiago de Cuba, estiveram presentes membros de “comunidades sem templo”. São cristãos a quem estava vedada a construção de uma igreja, os quais, devido à falta de clero, se congregam em torno de missionários leigos.
Durante a homilia, o Papa referiu as circunstâncias em que o cristianismo se tem mantido naquela ilha e o contributo de tantos para que não se apague a chama da fé. “A alma do povo cubano foi forjada por entre dores e privações que não conseguiram extinguir a fé; aquela fé que se manteve viva, graças a tantas avós que continuaram a tornar possível, na vida diária do lar, a presença viva de Deus; a presença do Pai que liberta, fortalece, cura, dá coragem e é refúgio seguro e sinal de nova ressurreição. Avós, mães e tantas outras pessoas que, com ternura e carinho, foram sinais de visitação, como Maria, de valentia, de fé para os seus netos, nas suas famílias. Mantiveram aberta uma fenda, pequena como um grão de mostarda, por onde o Espírito Santo continuou a acompanhar o palpitar deste povo”, disse.
Enquanto em Cuba a fé mantém-se mesmo sem igrejas, na Europa fecham-se igrejas por falta de fiéis, devido à diminuição da população e da prática religiosa. No início deste ano o “Wall Street Journal” abordou a questão do encerramento e venda das igrejas na Europa. Nesse artigo dizia-se que em Inglaterra fecham cerca de vinte igrejas anglicanas por ano – e que, nos últimos dez anos, a Igreja Católica na Alemanha desativou mais de quinhentas. Na Holanda, onde as perspetivas são mais negativas, prevê-se que sejam encerradas cerca de mil igrejas católicas nos próximos dez anos, mais setecentas protestantes.
Entre nós ainda se têm inaugurado algumas igrejas, sobretudo nas cidades. Contudo, devido à falta de clero, têm cada vez menos celebrações. Com o despovoamento e o envelhecimento que se tem verificado, sobretudo no interior do país, algumas aldeias irão desaparecer e as suas igrejas irão fechar e, provavelmente, ser vendidas.
(Texto publicado no Correio da Manhã de 25/09/2015)