Foto retirada daqui |
O Papa Francisco, no encontro com os bispos portugueses,
em Roma, na visita “Ad limina”, chamou a atenção para a “debandada da juventude”
que, “na idade em que lhe é dado tomar as rédeas da vida nas suas mãos”, se
afastam da Igreja.
Em Portugal, para além de se preocuparem com o abandono
da prática religiosa, têm também de se interrogar sobre os inúmeros jovens,
altamente qualificados, que estão a sair do país. Para além disso, sobretudo no
interior, são cada vez mais as comunidades que quase não têm jovens nem
crianças.
Em relação aos que sobram, faz todo o sentido refletir
sobre as questões que o Papa propôs aos bispos portugueses, desafiando-os a
encontrar formas de atrair os mais novos à Igreja. “A juventude deixa, porque
assim o decide? Decide assim, porque não lhe interessa a oferta recebida? Não
lhe interessa a oferta, porque não dá resposta às questões e interrogativos que
hoje a inquietam? Não será simplesmente porque, há muito, deixou de lhe servir
o vestido da Primeira Comunhão, e mudou-o? É possível que a comunidade cristã
insista em vestir-lho?”
Para além de questionar as razões que levam os jovens a
afastar-se da prática religiosa, o Papa alerta para que não sejam tratados como
crianças. Não se pode pretender atraí-los para os domesticar, mas deve-se aproveitar
o seu dinamismo para renovar e dinamizar as comunidades cristãs. Tem de se integrar
a sua irreverência, o seu desejo de fazer diferente e a sua maneira própria de
celebrar a fé. Que, muitas vezes, não se coaduna nem com as tradições, nem com
os hábitos das gerações mais velhas.
Os jovens afastam-se pelas mais variadas razões, mas
também por não encontrarem pessoas que os ajudem a descobrir a novidade e até a
irreverência do Evangelho de Jesus Cristo. “Hoje a nossa proposta de Jesus não
convence. Eu penso que, nos guiões preparados para os sucessivos anos de
catequese, esteja bem apresentada a figura e a vida de Jesus; talvez mais
difícil se torne encontrá-Lo no testemunho de vida do catequista e da
comunidade inteira que o envia e sustenta”, disse o Papa aos bispos.
(Texto publicado no Correio da Manhã de 18/09/2015)
Sem comentários:
Enviar um comentário