sexta-feira, 18 de setembro de 2015

O Papa e os jovens

Foto retirada daqui
O Papa Francisco, no encontro com os bispos portugueses, em Roma, na visita “Ad limina”, chamou a atenção para a “debandada da juventude” que, “na idade em que lhe é dado tomar as rédeas da vida nas suas mãos”, se afastam da Igreja.

Em Portugal, para além de se preocuparem com o abandono da prática religiosa, têm também de se interrogar sobre os inúmeros jovens, altamente qualificados, que estão a sair do país. Para além disso, sobretudo no interior, são cada vez mais as comunidades que quase não têm jovens nem crianças.

Em relação aos que sobram, faz todo o sentido refletir sobre as questões que o Papa propôs aos bispos portugueses, desafiando-os a encontrar formas de atrair os mais novos à Igreja. “A juventude deixa, porque assim o decide? Decide assim, porque não lhe interessa a oferta recebida? Não lhe interessa a oferta, porque não dá resposta às questões e interrogativos que hoje a inquietam? Não será simplesmente porque, há muito, deixou de lhe servir o vestido da Primeira Comunhão, e mudou-o? É possível que a comunidade cristã insista em vestir-lho?”

Para além de questionar as razões que levam os jovens a afastar-se da prática religiosa, o Papa alerta para que não sejam tratados como crianças. Não se pode pretender atraí-los para os domesticar, mas deve-se aproveitar o seu dinamismo para renovar e dinamizar as comunidades cristãs. Tem de se integrar a sua irreverência, o seu desejo de fazer diferente e a sua maneira própria de celebrar a fé. Que, muitas vezes, não se coaduna nem com as tradições, nem com os hábitos das gerações mais velhas.

Os jovens afastam-se pelas mais variadas razões, mas também por não encontrarem pessoas que os ajudem a descobrir a novidade e até a irreverência do Evangelho de Jesus Cristo. “Hoje a nossa proposta de Jesus não convence. Eu penso que, nos guiões preparados para os sucessivos anos de catequese, esteja bem apresentada a figura e a vida de Jesus; talvez mais difícil se torne encontrá-Lo no testemunho de vida do catequista e da comunidade inteira que o envia e sustenta”, disse o Papa aos bispos.

O desafio deixado pelo Papa, não se dirige só aos bispos, aos catequistas, mas a todos os cristãos adultos que se devem esforçar por dar um testemunho que cative e atraia a juventude.

(Texto publicado no Correio da Manhã de 18/09/2015)


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