Foto: José Coelho/Lusa retirada daqui |
Nós, os padres, podemos fazer muito mal à Igreja e por
vezes não resistimos à tentação de o fazer. É isso que acontece quando perdemos
o sentido da nossa missão e nos deixamos levar pelas nossas conveniências. Nessas
alturas instrumentalizamos o ministério, e até as pessoas, para conseguir os
nossos objetivos.
A Igreja está organizada, territorialmente, em dioceses, as
quais por sua vez se organizam em paróquias. A cada diocese é dado um bispo que
confia as paróquias a um sacerdote, o pároco. Este não é dono da paróquia, nem
a paróquia se pode apoderar do sacerdote que é colocado à sua frente. O próprio
pode pedir ao bispo para sair quando achar que está esgotada a sua missão
naquele espaço. E o bispo pode mudá-lo quando entender que é o melhor para o
próprio e para a Igreja. Não o deve fazer de forma despótica e arbitrária, mas
deve dialogar com o sacerdote que pretende mudar.
Parece que não foi o que aconteceu na remoção do pároco
de Canelas (V. N. Gaia). Antes pelo contrário, parece que D. António dos Santos,
o bispo do Porto, dialogou repetidamente com o pároco, acolheu as suas
propostas, foi condescendente com os seus avanços e recuos. Contudo, quando
teve de decidir, nomeou o padre Albino. Nem mesmo as ameaças de revelar
comportamentos prevaricadores de um outro sacerdote o demoveram. O padre
Roberto utilizou essa arma de arremesso talvez por ainda não ter percebido que
o comportamento da hierarquia mudou radicalmente. Se antes a tentação era
esconder esses comportamentos, hoje a práxis começa a ser de denunciá-los às
autoridades competentes. Como fez, e bem, o bispo do Porto.
(Texto publicado no Correio da Manhã de 21/11/2014)
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