Em Assis o Papa revisitou as temáticas
que tem proposto ao longo destes seis meses de pontificado: os mais pobres, as
“periferias existenciais e geográficas”, a colegialidade.
Assis é a terra em que o
filho de um rico mercador descobriu a alegria de nada ter. O Cardeal Bergoglio
ao escolher o nome de Francisco deixou clara a sua opção pelos mais pobres e o
seu programa para a Igreja do século XXI. Como na Idade Média, o Papa quer que os
cristãos redescubram o valor do despojamento.
A visita a Assis era esperada
desde a sua eleição. Realizou-se no dia 4 de Outubro, data em que se celebra S.
Francisco. Foi uma intensa jornada, em que o Papa esteve com clérigos e
religiosos, jovens e crianças, membros dos Conselhos Pastorais da diocese de Assis
e, sobretudo, os mais pobres, com quem almoçou.
Visitou o lugar em que S.
Francisco se desnudou para não ficar com nada do que tivesse recebido de seu
pai. Especulou-se que o Papa iria apelar ao abandono das vestimentas próprias
dos bispos e cardeais. De improviso esclareceu que o despojamento que o
preocupa não é tanto o dos trajes eclesiásticos, mas é o da “mundanidade”, a qual
grassa no seio de Igreja e deve ser combatida por todos os fiéis.
Uma outra preocupação, que traz
da Argentina, é a de estar presente junto dos mais desprezados e
marginalizados. “Quero sublinhá-lo, até porque é um elemento que vivi muito
quando era arcebispo em Buenos Aires: a importância de sair para ir ao encontro
do outro, nas periferias, que são locais mas são sobretudo pessoas, situações
de vida”, disse-o ao clero, consagrados e representantes da diocese.
As reuniões dos cardeais que
precederam o Conclave identificaram como prioridades para este Pontificado a
reforma da Cúria Romana e um reforço da colegialidade episcopal. Para dar
continuidade a esse apelo do Colégio Cardinalício, o Papa nomeou oito cardeais
que, na semana passada, deram conta do trabalho desenvolvido durante os últimos
meses. O Papa fez-se acompanhar na visita a Assis por esse grupo de cardeais,
talvez para dar o sinal de que, com eles, quer dar resposta ao mesmo apelo que
S. Francisco ali escutou, há oitocentos anos: “Reconstrói a minha Igreja”…
(Texto publicado no Correio da Manhã)
(Texto publicado no Correio da Manhã)
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