sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Francisco em Assis

Em Assis o Papa revisitou as temáticas que tem proposto ao longo destes seis meses de pontificado: os mais pobres, as “periferias existenciais e geográficas”, a colegialidade.

Assis é a terra em que o filho de um rico mercador descobriu a alegria de nada ter. O Cardeal Bergoglio ao escolher o nome de Francisco deixou clara a sua opção pelos mais pobres e o seu programa para a Igreja do século XXI. Como na Idade Média, o Papa quer que os cristãos redescubram o valor do despojamento.
A visita a Assis era esperada desde a sua eleição. Realizou-se no dia 4 de Outubro, data em que se celebra S. Francisco. Foi uma intensa jornada, em que o Papa esteve com clérigos e religiosos, jovens e crianças, membros dos Conselhos Pastorais da diocese de Assis e, sobretudo, os mais pobres, com quem almoçou.

Visitou o lugar em que S. Francisco se desnudou para não ficar com nada do que tivesse recebido de seu pai. Especulou-se que o Papa iria apelar ao abandono das vestimentas próprias dos bispos e cardeais. De improviso esclareceu que o despojamento que o preocupa não é tanto o dos trajes eclesiásticos, mas é o da “mundanidade”, a qual grassa no seio de Igreja e deve ser combatida por todos os fiéis.

Uma outra preocupação, que traz da Argentina, é a de estar presente junto dos mais desprezados e marginalizados. “Quero sublinhá-lo, até porque é um elemento que vivi muito quando era arcebispo em Buenos Aires: a importância de sair para ir ao encontro do outro, nas periferias, que são locais mas são sobretudo pessoas, situações de vida”, disse-o ao clero, consagrados e representantes da diocese.

As reuniões dos cardeais que precederam o Conclave identificaram como prioridades para este Pontificado a reforma da Cúria Romana e um reforço da colegialidade episcopal. Para dar continuidade a esse apelo do Colégio Cardinalício, o Papa nomeou oito cardeais que, na semana passada, deram conta do trabalho desenvolvido durante os últimos meses. O Papa fez-se acompanhar na visita a Assis por esse grupo de cardeais, talvez para dar o sinal de que, com eles, quer dar resposta ao mesmo apelo que S. Francisco ali escutou, há oitocentos anos: “Reconstrói a minha Igreja”…

(Texto publicado no Correio da Manhã)

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