Na Igreja, ou não há estrangeiros, ou somos todos estrangeiros. Não há estrangeiros, porque todos temos a mesma dignidade de filhos de Deus. Pelo batismo "todos vós sois filhos de Deus em Cristo Jesus", escreve S. Paulo aos Gálatas (3, 26). "Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem e mulher, porque todos sois um só em Cristo Jesus", conclui o Apóstolo dos gentios (3, 28).
Por outro lado, todos somos estrangeiros na terra, porque acreditamos num reino outro, aonde somos chamados a viver para sempre. "A nossa pátria está nos céus", diz S. Paulo aos Filipenses (3, 20).
O JN do domingo passado destacava na manchete que os "Padres estrangeiros ganham terreno na Igreja portuguesa". Ainda que não faça sentido do ponto de vista cristão, aceita-se o título do JN no contexto jornalístico que tem marcado a atualidade: a nova lei de estrangeiros.
Seria interessante perceber as motivações que levaram estes padres a escolher o nosso país para desenvolverem a sua atividade pastoral. É louvável quando o fazem motivados por uma vocação missionária, devidamente discernida e orientada para servir a Igreja onde os seus superiores assim o entenderem.
Já quando saem dos seus países por interesses meramente pessoais, à procura de uma situação mais lucrativa, então, em vez de serem uma solução para a escassez de clero, acabam por se tornar, eles próprios, em mais um problema para as dioceses que os acolhem, a somar a tantos outros. Para a falta de clero há outras soluções, como "a ordenação de membros das comunidades com provas dadas", e outras que o pe. Jorge Cunha, professor de Teologia, elencou ao JN.
Acolher padres estrangeiros não deverá ser, por isso, um expediente para resolver a escassez de clero. Mas é uma excelente forma de promover o dinamismo missionário característico da Igreja.
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