A Internet e, sobretudo, as redes sociais, pela quantidade de informação que difundem geram nas pessoas a sensação de que estão mais informadas do que no passado. O problema é que muita dessa informação é falsa, manipulada e disseminada sem qualquer escrutínio deontológico e de difícil controle legal. Acaba por ser consumida de forma acrítica e assumida como verdadeira, principalmente quando confirma algumas das sensações ou crenças dos que a procuram.
Quem domina estas plataformas, e os algoritmos que as gerem, controla também o que chega aos seus utilizadores, induzindo o que quer que eles vejam prioritariamente. Tem o poder de promover, não só a desinformação entre os que as frequentam, mas também a formatação do seu pensamento e a adesão às ideias que quer propagar.
Dada a atratividade dos discursos populistas, os quais se caracterizam por apresentar soluções fáceis para questões complexas e apontar bodes expiatórios para os problemas que afetam as sociedades, as redes sociais são também um meio propício para os divulgar e arregimentar seguidores e votantes.
Os conteúdos das redes não são sujeitos a qualquer tipo de controle sobre a sua veracidade. Verifica-se até que, quando as falsidades são denunciadas, as denúncias acabam por, ou não chegar a quem as recebeu, ou não serem acolhidas por aqueles que foram primeiro convencidos da sua veracidade.
O cardeal Robert Francis Prevost escolheu o nome de Leão porque – explicou ele aos cardeais que o elegeram – tal como Leão XIII defendeu a dignidade humana quando ela era posta em causa pela revolução industrial, ele quer agora fazer o mesmo no contexto de uma transição digital que está a ser ameaçada pela “ditadura do algoritmo”.
Leão XIV é o primeiro Papa que já utilizava as redes sociais quando era cardeal. Como é sabido, denunciou as falsidades ali colocadas, por exemplo, pelo vice-presidente norte-americano J. D. Vance. Fê-lo quando este as apresentava como decorrentes da sua fé católica a que recentemente se converteu.
Se voltar a intervir, agora o Papa terá de o fazer de forma mais diplomática do que quando era apenas o cardeal Prevost. Compete, por isso, aos católicos darem continuidade ao exemplo que o cardeal deu de uma presença mais incisiva. Faz hoje parte da missão da Igreja a pedagogia do bom uso das tecnologias, devendo empenhar-se na defesa da verdade e na denúncia perante os fiéis das falsidades que nelas circulam.