quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Sinodalidade ou a aparência de recomeçar


O Papa Francisco iniciou este sábado no Vaticano as “audiências jubilares”. Todas as semanas, encontra-se com os “peregrinos da esperança” para evidenciar um aspeto dessa virtude. “A esperança não é um hábito ou um traço de caráter - que se tem ou não - mas uma força a pedir”. Algo que será um dom, “para recomeçar no caminho da vida”.

Na verdade, o Papa pretende que o Jubileu marque um recomeço na vida da Igreja. Recomeçar foi a palavra mais repetida nesta primeira audiência jubilar. Por diversas vezes o Papa pôs a assembleia a dizer: “Recomeçar, recomeçar, recomeçar”.

A este recomeço, preconizado pelo Papa, está ligada a dinâmica sinodal que ele quer implementar como o normal funcionamento de todas as comunidades eclesiais. Desde as pequenas comunidades, passando pelas paróquias e pelas dioceses, até envolver toda a Igreja.

Também no sábado reuniram-se em Fátima 300 representantes das dioceses do país. Tinham como objetivo estudar o documento final do Sínodo 2021-2024 e fizeram propostas para a sua implementação. No final do dia, concluiu-se, segundo a Agência Ecclesia, que será necessário “alargar os espaços de escuta e participação”. Isso implicará “ativar e fortalecer os órgãos de consulta” no interior das paróquias e das dioceses.

Uma efetiva participação dos fiéis nas diversas comunidades depende de uma verdadeira conversão à sinodalidade. Ainda que todos os conselhos se constituam, e até se reúnam frequentemente, podem não passar de uma simulação de escuta e de participação. Se o pároco ou o bispo afastarem desses conselhos todas as vozes incómodas, por exemplo, e se preferirem só as que não levantam problemas, então teremos um mero simulacro de sinodalidade. Não é esta dissimulação que o Papa pretende. Nem será a sinodalidade aparente que conseguirá renovar e relançar a Igreja.

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