quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

Racismo e xenofobia não são católicos

Um cristão – e, sobretudo, um católico – não pode ser nem racista nem xenófobo. E um português não o deveria ser, pois somos um país de emigrantes, espalhados por todo o mundo. Gostamos de ser bem acolhidos e de não sermos discriminados.

A tradição judaico-cristã tem na sua génese uma postura de respeito pelo estrangeiro. O povo israelita foi emigrante na terra do Egito. O momento mais significativo da sua história é a sua libertação dessa terra da escravidão. Foi experiência inesquecível, devido à qual o livro do Êxodo determina: “Não usarás de violência contra o estrangeiro residente nem o oprimirás, porque foste estrangeiro residente na terra do Egito” (Ex. 22, 20).

A práxis de Jesus é acolher a todos. No Evangelho alguns estrangeiros são, até, apresentados como exemplos de fé, como é o caso da mulher cananeia (Mt. 15, 21-29), que pediu a cura da filha a Jesus, ou do centurião romano a quem curou o escravo (Lc. 7, 1-10). Na génese do cristianismo está a convicção de que “não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem e mulher” (Gál. 3,28), porque todos são filhos de Deus e, por isso, irmãos.

Aquele que professa a fé católica – ou seja: universal – também não poderá aceitar qualquer distinção, seja qual for a raça ou nacionalidade. Isso seria amputar a catolicidade da Igreja.

Um cristão, um católico e, sobretudo, um bispo, tendo em conta a tradição judaico-cristã, não tem outra alternativa a não ser colocar-se ao lado do migrante e o dever de condenar toda e qualquer atitude de racismo e de xenofobia. Não se entendem, por isso, as críticas e o desconforto que alguns manifestaram em relação às palavras de D. José Ornelas, bispo de Leiria-Fátima, de apoio e sintonia com aqueles que se manifestaram contra atitudes racistas e xenófobas que visaram imigrantes a viver em Portugal.

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