Ao fim de três anos, encerrou-se o Sínodo sobre a sinodalidade. O resultado dessa caminhada está vertido num documento de 51 páginas que sintetiza a reflexão produzida e propõe caminhos para a implementação da sua dinâmica na Igreja.
A sinodalidade é definida em “termos simples e sintéticos” como “um caminho de renovação espiritual e de reforma estrutural para tornar a Igreja mais participativa e missionária” (nº28). Nada de novo: desde os inícios, é a forma ajustada de a Igreja funcionar em todos os seus níveis para discernir e tomar as suas decisões. Isto implica escutar e dialogar para chegar ao consenso possível.
No entanto, se o documento final for devidamente implementado, poderá significar a maior transformação na Igreja Católica desde o Concílio Vaticano II. Na verdade, muitas das suas propostas traduzem preocupações conciliares que ainda não se efetivaram, apesar de já terem passado quase 60 anos desde que se concluiu esse Concílio. Há, aliás, o risco de acontecer ao Sínodo o que aconteceu ao Concílio: o sucessor de Francisco e a sua entourage podem achar que se avançou de mais e tentarem congelar as dinâmicas que foram suscitadas na Igreja.
Podem também aqueles que têm a responsabilidade de tomar decisões – nomeadamente padres e bispos – fazerem lindos discursos sobre a sinodalidade e até adotar as estruturas de participação propostas pelo Sínodo, mas usá-las apenas para confirmarem as suas convicções ou as decisões tomadas somente por alguns. Se, como preconiza o documento, não acontecerem “mudanças concretas a curto prazo, a visão de uma Igreja sinodal não será credível e isso afastará os membros do Povo de Deus que retiraram força e esperança do caminho sinodal” (nº 94).
Que o Sínodo não seja um “sonho lindo que acabou”, mas sim o verdadeiro relançamento da participação na Igreja.