É surpreendente a manchete desta segunda-feira do JN que os “beneficiários do RSI são cada vez menos e o valor médio do subsídio é de 155 euros”. Não é essa a sensação que temos quando passamos pelas redes sociais. Parece que a maioria dos portugueses não querem trabalhar porque recebem o rendimento social de inserção (RSI). “O mito de que há muita gente que vive à custa do RSI, vulgarmente conhecido como rendimento mínimo, é antigo e cada vez mais facilmente desmontado pelos números da Segurança Social e da execução orçamental consultados pelo JN”, esclarece este jornal.
Há um outro mito que contamina qualquer abordagem séria da pobreza. “Desde o tempo da Lei das Sesmarias [combater a crise agrícola e o despovoamento rural] que vem esta ideia de que os pobres são pobres porque não querem trabalhar, não fazem esforços para sair da situação, o que é completamente contraditado pela própria estrutura e categorização dos beneficiários de RSI”, explica ao JN o sociólogo Luís Capucha.
São notícias como esta que ajudam a desmontar as falsidades de discursos políticos que, para além de dominarem as redes sociais, estão a inquinar a opinião pública. É mesmo muito difícil vencer a mentira muitas vezes repetida.
Já dizia Goebbels, o ministro da propaganda nazi, que “uma mentira dita mil vezes torna-se verdade”. Sobretudo nestes tempos em que essa mentira se dissemina exponencialmente, já não mil, mas milhões de vezes pelas redes sociais. É muito difícil a verdade triunfar.
Também não é fácil contrariar o discurso populista porque muitas pessoas, perante as dificuldades que enfrentam, preferem acreditar que são os pobres, os imigrantes ou os refugiados os causadores dos seus problemas no acesso à educação, à saúde ou ao emprego. Não há pior cego do que aquele que não quer ver. Ou que decide ser míope.
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