quarta-feira, 23 de julho de 2025

Estimar os idosos até ao fim

A sociedade ocidental tende a valorizar o papel dos avós e dos idosos, ainda que por vezes o faça numa perspetiva meramente utilitarista.

Eles são muito úteis para irem buscar os filhos às escolas ou às atividades extracurriculares. Ou para acompanharem os netos enquanto os pais estão ocupados no trabalho. Mais tarde, quando as crianças crescem e os pais já não precisam desse apoio, os idosos começam a perder as suas capacidades de mobilidade e autogoverno: nessa altura passam a ser eles a necessitar de acompanhamento. Muitas vezes, porém, são “despejados” num lar e votados ao abandono.

Para chamar a atenção para isto o Papa Francisco instituiu o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, que se passou a celebrar no domingo mais próximo de 26 de Julho, o dia em que a Igreja Católica festeja S. Joaquim e S. Ana, pais de Maria e, portanto, avós de Jesus.

Esta efeméride celebra-se, pela quinta vez, no próximo domingo. Na mensagem que lhe dedica, Leão XIV pede que se promova a libertação dos idosos “da solidão e do abandono”. O Papa constata que “as nossas sociedades estão a habituar-se, com demasiada frequência, a deixar que uma parte tão importante e rica do seu tecido social seja marginalizada e esquecida”. É preciso “trabalhar por uma mudança que devolva aos idosos a estima e o afeto”.

Os idosos não devem ser descartados quando as suas forças diminuem e mais precisam de atenção. Não devem ser afastados do ambiente familiar, a não ser que tal seja humanamente impossível. Também os jovens precisam de contactar com a sua fragilidade e decrepitude para terem uma conceção mais ajustada do que é a vida.

O ser humano não vale só pelo que produz, mas pelo que é ao longo de todo o seu ciclo. A sua dignidade é inviolável e deve ser protegida quando está mais frágil. As velas ardem até ao fim.

(Texto publicado no Jornal de Notícias de 23/07/2025)

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