quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

A cadeia deve ser lugar de esperança

As cadeias costumam ser lugares longe da vista e, ainda mais, longe do coração. O Papa Francisco, porém, tem tomado iniciativas para lhes dar mais visibilidade e proximidade afetiva. Como arcebispo de Buenos Aires, fazia numa prisão o Lava-Pés – a cerimónia de quinta-feira da Semana Santa que antecede a Páscoa – em vez de o fazer, como quase todos os bispos, na catedral. Continuou, como Papa, a fazê-lo em contexto prisional.

No início deste Jubileu da Esperança, o Papa fez questão, num gesto inédito, de abrir a segunda Porta Santa, logo a seguir à do Vaticano, na cadeia romana de Rebibbia. Agora, no contexto do Jubileu dos artistas e do mundo da cultura, que decorreu em Roma desde o dia 15 até ontem, foi inaugurada uma exposição do pintor chinês Yan Pei-Ming com 27 retratos de grandes dimensões de prisioneiros, guardas, voluntários, um médico e um capelão da cadeia. As obras foram também projetadas nas paredes da cadeia Regina Coeli de Roma, a que estão ligados os retratados.

Pretende-se com esta iniciativa “ajudar milhares de pessoas que passam diariamente em frente à prisão a ‘ver o invisível’ por detrás da fachada”, afirma o sítio Vatican News.

Quando abriu a Porta Santa na cadeia de Rebibbia o Papa pediu aos reclusos que não perdessem a esperança. Na homilia do Jubileu dos artistas – lida pelo cardeal José Tolentino de Mendonça, que o substituiu – disse que a missão dos artistas “não se limita a criar beleza, mas a revelar a verdade, a bondade e a beleza escondidas nos recantos da história, a dar voz a quem não tem voz, a transformar a dor em esperança”.

As cadeias, em vez de locais meramente punitivos, deveriam ser uma oportunidade de regeneração para aqueles que por lá passam. Devem converter-se em lugares em que renasce a esperança de uma vida melhor após o cumprimento da pena.

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