quarta-feira, 7 de maio de 2025

Escolher o continuador de Francisco

Inicia-se hoje o conclave para eleger o bispo de Roma que será o 267.º Papa da Igreja Católica. Os cardeais eleitores – com menos de 80 anos – oriundos de 70 países formam o colégio cardinalício com maior diversidade desde sempre. Estiveram representados 52 países em 2005 e 48 em 2013, pelo que é muito difícil prever quem será o próximo Papa.

As informações que vão chegando do Vaticano dizem que os cardeais estão empenhados em escolher alguém que dê continuidade às reformas introduzidas por Francisco e ao dinamismo sinodal por ele suscitado na vida da Igreja. Nas congregações gerais – as reuniões com todos os cardeais que antecedem o conclave – foi referido o desejo de muitos participantes que “o próximo Papa tenha um espírito profético, capaz de guiar uma Igreja que não se feche sobre si própria, que saiba sair e levar a luz a um Mundo sem esperança”, segundo um comunicado de imprensa da Santa Sé.

Procura-se um Papa que prossiga, em termos bergoglianos, a promoção de uma “Igreja em saída”. Bergoglio já dizia em Buenos Aires que preferia “uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças” (Evangelii Gaudium, n.º 49).

Poderá acontecer que um cardeal claramente alinhado com Francisco não consiga obter os dois terços necessários de votos. Então os cardeais terão de encontrar alguém que, ainda que mais moderado, garanta a consolidação do caminho iniciado pelo antecessor.

Caso seja eleito alguém que procure travar os processos lançados por Francisco, isso significará um retrocesso no dinamismo que ele promoveu na Igreja. Nesse caso, os cardeais escolhidos por Bergoglio (108 dos 133 eleitores) estariam desalinhados com o pensamento de quem os nomeou. Tudo indica que tal não acontecerá.

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